EE-3 JARARACA 4x4
UM CONCEITO ESQUECIDO
A idéia de se produzir um veículo leve blindado 4x4 para o Exército Brasileiro
não é nova, ela remonta ao início dos anos 70, quando a primeira idéia surge no Parque
Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar de São Paulo – PqRMM/2.
Seria uma forma de substituir o velho jipe como veículo de exploração nas
unidades de cavalaria mecanizada, dada a sua vulnerabilidade e ausência total de
blindagem. Desta forma surge o primeiro desenho denominado de AUTO
METRALHADORA 4x4.
Desenho do blindado leve 4x4 denominado AUTO METRALHADORA, concebido pelos
Engenheiros do PqRMM/2 no início dos anos 70. (Desenho: Coleção autor)
Como haviam iniciado um outro projeto cuja execução já estava na fase de
construção de um protótipo, denominado de V.B.B. (Viatura Blindada Brasileira) que
deveria ser o substituto dos velhos M-8 Greyhound, oriundos da segunda guerra
mundial, empregados pelo 1º Esquadrão de Reconhecimento na Campanha da Itália em
1944-45. (ver artigo: Viatura Blindada Brasileira, o princípio de um todo –
http://www.defesa.ufjf.br/arq/Art%2038.htm)
Esse projeto acabou por não ir adiante, pela simples razão de ser um veículo 4x4
e o Exército queria um 6x6, fruto daquele aprendizado, surgindo assim um novo
projeto, construindo um protótipo, que depois foi produzido em série numa parceria
com a empresa privada Engesa S/A, tornando-se um ícone da indústria de material de
defesa brasileira conhecido com o nome de EE-9 CASCAVEL.
O sucesso do veículo dentro das unidades do Exército e sua aceitação no
mercado internacional tornou muito difícil a aceitação de um veículo blindado leve 4x4,
e de certa forma isto vem nos afetando até os dias de hoje, muito embora algumas
empresas tenha apresentado blindados sobre rodas 4x4 nenhum foi ainda homologado e
adquirido.
Como a ENGESA estava à frente de seu tempo, ela desenvolveu uma gama
variada de veículos blindados visando o mercado externo e dentre os diversos modelos,
surgiu uma variação da AUTO METRALHADORA, cujo novo desenho foi
aprimorado e logo em seguida foi construído um protótipo e a seguir uma série de 63
veículos, praticamente para exportação visto que o Exército Brasileiro não opera
nenhum, mesmo estando em seu poder dois protótipos oriundos da massa falida daquela
empresa (um de reconhecimento e um de guerra química).
Concepção artística do futuro 4x4 leve blindado da Engesa, armado com uma metralhadora de 20
mm . (Desenho: Coleção do autor)
A idéia era produzir um veículo de reconhecimento de grande mobilidade,
equipado com metralhadora externa 7,62mm, ou 12,7mm (.50) numa torreta giratória
blindada, na sua configuração padrão, equipada com quatro lançadores de granadas
fumígenas. Outras versões podem empregar mísseis anticarro do tipo Milan. A
tripulação é composta por motorista, um comandante e um atirador. O motor diesel foi
colocado na parte traseira e a transmissão mecânica de cinco velocidades à frente e uma
à ré.
Sua direção era hidráulica integral, permitindo acionamento mecânico em caso
de emergência. Sistema elétrico de 24 volts com circuitos de iluminação civil e militar.
Rodas de aço estampado, pneus à “prova de balas” com sistema automático de
enchimento.
O equipamento ótico consiste de periscópios para observação do motorista e
comandante, além de um sistema passivo de visão noturna.
Por ser extremamente compacto, seu peso máximo era da ordem de 5.800 kg,
com autonomia de 700 km, com 140 litros de diesel, velocidade máxima de 100 km,
podendo subir rampas de 60% e inclinação máxima lateral de 30%, superar obstáculos
vertical de 400 mm, podendo passar em vaus de 800 mm.
Versão padrão do EE-3 Jararaca e compartimento do motorista. Notar a torreta para
metralhadora, com os lançadores de granadas fumígenas e o reparo da metralhadora. (Fotos:
Coleção autor)
Seus componentes mecânicos eram todos oriundos da indústria automotiva
nacional, usada em caminhões, o que facilitava a logística de peças de reposição. Seu
motor era um Mercedes Benz OM-314A, quatro cilindros em linha, turbo alimentado e
sua caixa de mudanças era uma Clark modelo 240 V, mecânica, com caixa de descida
Engesa, com engrenagens helicoidais, engrenamento constante e relação l,0:1. Sua
embreagem era do tipo monodisco seco, hidráulico e a caixa de transmissão múltipla
Engesa, mecânica, duas velocidades, engrenamento constante. O sistema de direção era
ZF do Brasil modelo 8058, hidráulica e sua suspensão tipo eixo rígido, flutuante, com
molas semi elípticas e amortecedores de dupla ação, sistema de freio Bendix a tambor
com acionamento a ar sobre hidráulico e freio de estacionamento mecânico.
Demonstração do EE-3 Jararaca na configuração padrão com torreta e metralhadora .50 e detalhe
do acesso ao compartimento do motor na parte traseira. (Crédito das fotos: Engesa)
O conceito ainda atual poderia gerar um novo veículo blindado 4x4 que
atenderia muito bem às forças militares e policiais, dentro da nova realidade em que está
sendo empregado, principalmente, o Exército em operações urbanas na luta contra o
narcotráfico.
Não foi o melhor veículo concebido pela ENGESA, recebeu muitas críticas de
seus próprios engenheiros, tanto que toda a sua produção foi exportada para países
como Uruguai (16), Guiné (10), Gabão (12), Equador (10) e Chipre (15) que ainda o
operam, sendo que o Uruguai irá operá-los em breve no Haiti onde integram a
MINUSTAH sob o comando do Brasil.
EE-3 Jararaca do Gabão, à esquerda, armado com metralhadora e do Chipre, à direita, com
mísseis anticarro Milan e metralhadoras. (Fotos: Engesa)
EE-3 Jararaca desfilando no Equador em 2005 à esquerda. À direita três blindados EE-3 Jararaca
do Exército Uruguaio no Haiti pronto para entrarem em ação. (Créditos das fotos: Roberto
Bertazzo e Sgt. Presoto)
Concebido para substituir as viaturas ¼ toneladas, com sua silhueta baixa e sua
facilidade de manobras em terrenos variados o tornam um veículo extremamente
operacional inclusive para patrulhar áreas urbanas como força policial nas operações
que exijam alto poder ofensivo, proporcionado uma boa proteção a seus tripulantes e
dadas as suas pequenas dimensões pode locomover-se com facilidade, evitando desta
forma empregar veículos 6x6, pesados, grandes como os ocorridos recentemente no Rio
de Janeiro, inclusive seria o veículo ideal para as unidades de ataque rápido, pois pode
muito bem ser lançado de pára-quedas.
Vale lembrar que devido a grande mobilidade e flexibilidade desses veículos,
eles podem ser empregados em variadas missões, como ataque, proteção para retirada,
perseguição, etc., lembrando que em várias ocasiões foram os artífices da vitória...
Visita do Subsecretário do Exército dos
Estados Unidos à fábrica da Engesa em
Caçapava – SP em 24 de julho de 1986.
Na foto ele está conhecendo o EE-3
Jararaca apresentado pelo presidente
da empresa. (Foto: Coleção autor)
Protótipo do EE-3 Jararaca de Guerra Química. Notar o dispositivo que lança bandeirolas
coloridas na parte traseira do veículo para marcar os tipos de substâncias existentes no campo de
batalha. Apenas um construído. Esse exemplar se encontra em poder do Exército Brasileiro no 13°
Regimento de Cavalaria Mecanizado em Pirassununga, SP. (Crédito das fotos: autor)
Um exemplar do EE-3 Jararaca na versão padrão de reconhecimento em poder do Exército
Brasileiro na unidade acima mencionada. Notar as escotilhas blindadas frontais fechadas. (Crédito
da foto: autor)
FICHA TÉCNICA
Fabricante: ENGESA – Engenheiros Especializados S/A
Tipo: Veículo blindado de reconhecimento
Nome: EE-3 Jararaca
Comprimento: 4,16m
Largura: 2,23m
Altura máxima até a metralhadora: 1,97m
Bitola dianteira e traseira: 1,71m
Entre eixos: 2,60m
Altura mínina do solo: 0,33m
Ângulo de entrada: 58º
Ângulo de saída: 54º
Peso total: 5.800 kg
Combustível no reservatório: 140 litros de diesel
Raio de ação: 700 km
Rampa máxima: 60%
Inclinação máxima: 30%
Obstáculo vertical: 0,40m
Raio de giro: 7,73m
Passagem de vau: 0,80m
Velocidade máxima: 100 km /h
Motor: Mercedes Benz OM-314 A turbo, 4 tempos, 4 cilindros em linha, 3784 cm³
Potência máxima: 110 CV
Torque máximo: 343,3 Nm
Caixa de mudanças: Clark modelo 240V tipo mecânica, 5 à frente e uma a ré
Caixa de descida: Engesa tipo engrenagens helicoidais, engrenamento completo relação 1,0:1
Embreagem: tipo monodisco seco, 280mm de diâmetro, acionamento hidráulico
Caixa de transmissão múltipla: Engesa tipo mecânica, 2 velocidades, engrenamento constante
Direção: ZF do Brasil modelo 8053, hidráulica, 5,5 voltas no volante batente a batente; caster 5º, camber
1º, pino mestre 4º, convergência 5 – 6mm, ângulo de giro 23 – 25 graus
Eixo: Engesa, tipo motriz rígido flutuante
Diferencial: Braseixos 411 relação 4,63:1
Suspensão: tipo eixo rígido flutuante, molas semi elípticas e amortecedores telescópios de dupla ação
Freio de serviço: Bendix a tambor, acionamento ar sobre hidráulico
Freio de estacionamento: Bendix a tambor, atuando na saída da caixa de transferência, com
acionamento mecânico
Trem de rolamento: Rodas de aros de aço 8,5 x 20”, estampados, com pneus Pirelli Candango 11 x 20”,
14 PR, com sistema alveolar à prova de balas e sistema automático de enchimento
Sistema elétrico: 24 volts
Armamento padrão: torreta blindada com metralhadora 7,62 ou 12,7 mm, quatro lançadores de granadas
fumígenas, dois de cada lado da torre
Aprovisionamento de munição: 1600 tiros de 7,62mm
Sistema ótico: três periscópios de visão diurna e dois blocos de visão direta
EE-3 Jararaca
O EE-3 Jararaca é um veículo blindado de reconhecimento desenvolvido pela Engesa no Brasil. É um veículo leve sobre rodas 4x4 para patrulha e reconhecimento. Foi exportado para alguns países, mas nunca operou no Exército Brasileiro.
EE-3 Jararaca (4x4)
A idéia de se produzir um veículo leve blindado 4x4 para o Exército Brasileiro não é nova, ela remonta ao início dos anos 70, quando a primeira idéia surgiu no Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar de São Paulo.
Seria uma forma de substituir o velho jipe como veículo de exploração nas unidades de cavalaria mecanizada, dada a sua vulnerabilidade e ausência total de blindagem. Desta forma surge o desenho denominado de EE-Jararaca 4x4.
Como a empres ENGESA havia iniciado um outro projeto cuja execução já estava na fase de construção de um protótipo, denominado Viatura Blindada Brasileira (que deveria ser o substituto dos velhos M-8 Greyhound, oriundos da Segunda Guerra Mundial),o projeto EE-3 Jararaca acabou por não ir adiante, pela simples razão de ser um veículo 4x4 e o Exército queria um 6x6, fruto daquele aprendizado, surgindo assim um novo projeto, construindo um protótipo, que depois foi produzido em série numa parceria com a empresa privada Engesa S/A, tornando-se um ícone da indústria de material de defesa brasileira conhecido com o nome de EE-9 CASCAVEL.
O sucesso do veículo (EE-9 Cascavel) dentro das unidades do Exército e sua aceitação no mercado, internacional tornaram muito difíceis a aceitação de um veículo blindado leve 4x4, e de certa forma isto vem nos afetando até os dias de hoje, muito embora algumas empresas tenham apresentado blindados sobre rodas 4x4 nenhum foi ainda homologado e adquirido.
A idéia era produzir um veículo (EE-3 Jararaca) de reconhecimento de grande mobilidade, 4x4, equipado com metralhadora externa 7,62mm, ou 12,7mm (.50) numa torreta giratória blindada, na sua configuração padrão, equipada com quatro lançadores de granadas fumígenas. Outras versões podem empregar mísseis anticarro do tipo Milan. A tripulação é composta por motorista, um comandante e um atirador. O motor diesel foi colocado na parte traseira, e a transmissão mecânica de cinco velocidades à frente e uma à ré.
Por ser extremamente compacto, seu peso máximo era da ordem de 5.800 kg, com autonomia de 700 km, com 140 litros de diesel, velocidade máxima de 100 km, podendo subir rampas de 60% e inclinação máxima lateral de 30%, superar obstáculos vertical de 400 mm, podendo passar em vaus de 800 mm.
Os componentes mecânicos do Jararaca eram todos oriundos da indústria automotiva nacional, usada em caminhões, o que facilitava a logística de peças de reposição. Seu motor era um Mercedes Benz.
Como a engesa estava bem a frente do seu tempo, ela chegou a produzir alguns modelos novos, a partir do Jararaca, para exportação. O exército brasileiro em si, não utiliza nenhum, embora tenha em seu poder dois protótipos, um para reconhecimento e um para guerra quimica.
O conceito ainda é atual e seria de boa utilidade para força militares e policiais brasileiras, dentro da nova realidade de combate urbano. Porem o Jararaca em si não é um bom veículo, sendo que recebeu várias críticas dos países que o utilizam, bem como dos próprios engenheiros da ENGESA.
Países que utilizam o EE-3 Jararaca: Uruguai (16), Guiné (10), Gabão (12), Equador (10) e Chipre (15)