Embraer EMB-314 Super Tucano
Histórico de desenvolvimento
Partindo de seu modelo de treinamento EMB-312G1, inicialmente projetado para a Real Força Aérea britânica (RAF), que conta com uma série de modificações para com o Tucano básico, a Embraer começou a estudar uma nova aeronave turboélice, que atendesse ao interesse crescente de um mercado de treinadores de alto desempenho, no qual veio a culminar no modelo EMB-312H ou Tucano H (H de Helicopter Killer ou caça-helicópteros, denominado assim por poder operar a baixa altura, caçando helicópteros).
A partir do começo dos anos 90, esse trabalho ganhou um novo impulso quando os norte-americanos lançam o programa JPATS (Joint Primary Aircraft Training System), um requerimento conjunto da Força Aérea (USAF) e Marinha (US Navy), visando substituir seus treinadores em uso. Para isso, a Embraer se associou à empresa Northrop Grumman, sendo desenvolvido um protótipo demonstrador de conceito, o Tucano POC (Proof Of Concept), mas este veio a ser superado pelo Raytheon T-6 Texan II, versão fabricada sob licença do Pilatus PC-9.
Na mesma época, outro programa do qual participou foi o canadense NFTC (NATO Flight Training in Canada), um programa que buscava selecionar uma aeronave turboélice, e uma a jato, para a formação dos novos pilotos da OTAN. Novamente confrontado com o T-6 Texan II, foi desclassificado no final, sendo declarados vencedores o Raytheon T-6 Texan II e o jato BAe Hawk.
Apesar dos reveses sofridos nos programas do qual participou, a Embraer continuou desenvolvendo sua aeronave - até então, essencialmente, um treinador - para a aeronave de ataque da qual se tornaria mais tarde.
[editar]Programa ALX
Com a implantação do projeto SIPAM / SIVAM pelo Governo brasileiro, foi identificado a necessidade de uma aeronave de ataque, que em conjunto com as aeronaves E-99[1] e R-99[1], irá compor o segmento aéreo deste projeto, responsável pela interceptação de aeronaves ilícitas na região Amazônica e pelo patrulhamento de fronteiras.
Coube à Força Aérea Brasileira (FAB) elaborar os requisitos operacionais da nova aeronave, que na época também buscava um substituto para seus jatos de treinamento AT-26 Xavante, utilizados na instrução dos futuros pilotos de caça. A união destes dois requisitos, deu origem ao programa AL-X (Aeronave Leve de Ataque), o Super Tucano.
Pelas características da região Amazônica (extensa área de floresta fechada, com alta incidência de chuvas, altas temperaturas e umidade elevada) e de ameaça (baixa intensidade) na qual iria atuar, foi definido pela Força Aérea Brasileira que a aeronave deveria ser um turboélice, de ataque, com grande autonomia e raio de ação, capaz de operar tanto de dia como a noite, em qualquer condição meteorológica, a partir de pistas curtas e desprovidas de infra-estrutura, entre outras.
Também ficou definido que haveria duas versões da aeronave:
- Monoposto (designado A-29A) - para ataque e reconhecimento armado, dentro da tarefa de interdição; para ataque e cobertura, dentro da tarefa de apoio aéreo aproximado e para interceptação e destruição de aeronaves de baixo desempenho.
- Biposto (designado A-29B) - além das mesmas atribuições do monoposto; para treinamento e para controle aéreo avançado, na tarefa de ligação e observação.
O contrato de desenvolvimento do ALX Super Tucano foi firmado com a Embraer em agosto de 1995, prevendo dotar a Força Aérea Brasileiracom 99 aeronaves (33 monopostos e 66 bipostos), que serão produzidas na nova unidade industrial da Embraer, localizada na cidade deGavião Peixoto - SP.
O primeiro voo do ALX Super Tucano aconteceu em 2 de junho de 1999, com o protótipo monoposto YA-29 - matrícula FAB 5700, seguido do voo do protótipo biposto YAT-29 - matrícula FAB 5900, ocorrido em 22 de outubro de 1999.
A Força Aérea Brasileira recebeu as primeiras aeronaves ALX (A-29B) em 6 de agosto de 2004, que foram alocadas ao 2º/5º GAv (2º Esquadrão do 5º Grupo de Aviação), com sede na Base Aérea de Natal, onde substituirão gradativamente os AT-26 Xavante utilizados no Curso de Formação de Pilotos de Caça (CFPC).
Os A-29A/B irão substituir também os AT-27 Tucano operados no patrulhamento de fronteiras nas regiões Amazônica e Centro-Oeste que atendem ao SIPAM / SIVAM, e distribuídos ao 1º/3º GAv, com sede na Base Aérea de Boa Vista; ao 2º/3º GAv, na Base Aérea de Porto Velho e ao 3º/3º GAv, na Base Aérea de Campo Grande.
[editar]Aviônicos e armamentos
O EMB-314 Super Tucano conta com moderna aviônica digital (foto)., painel composto por duas telas CMFD (Colored Multi-Function Display), um HUD (Head-Up Display) e um UFCP (Up-Front Control Panel), além da tecnologia HOTAS (Hands On Throttle And Stick), que permite ao piloto conduzir todas as fases de voo sem retirar as mãos dos comandos da aeronave.
Iluminação da cabina compatível com o emprego de NVG (Night Vision Goggles); sensor FLIR (Forward Looking InfraRed); sistema de navegação integrado INS / GPS; sistema de comunicações de rádio com criptografia de dados datalink, que possibilita o envio e o recebimento de dados entre aeronaves e equipamentos em terra, em modo seguro.
A cabina do piloto recebeu blindagem capaz de resistir a projéteis de até 12,7 mm; duas metralhadoras de 12,7 mm instaladas internamente nas asas; cinco pontos para até 1.550 kg de cargas externas, capazes de reconhecer o tipo de armamento colocado nessas estações; provisões para amplo leque de armamentos alojados em pods, bombas convencionais e inteligentes, mísseis ar-superfície e ar-ar de curto alcance, podendo este, ser apontado pelo HMD (Helmet Mounted Display).
[editar]Combate real
[editar]Batismo de fogo
Em 18 de janeiro de 2007, uma esquadrilha de Super Tucanos da Força Aérea Colombiana, fazendo uso de bombas Mk 82, atacou posições das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em localidade de selva. Esta ação, que marca o batismo de fogo do Super Tucano, foi conduzida no modo CCIP (Continuously Computed Impact Point) ou Ponto de Impacto Continuamente Calculado, sendo relatado êxito na ação.[2]
[editar]Operação Fênix
Na madrugada de 1º de março de 2008, aeronaves Super Tucano da Força Aérea Colombiana, atacaram acampamento das FARC situado cerca de 2 km dentro do país vizinho Equador. Nesta operação, Forças Especiais colombianas infiltradas próximas do acampamento, iluminaram os alvos que os Super Tucanos deveriam atacar (isso é de fundamental importância, pois o Governo da Colômbia adota regras de engajamento que limitam e proíbem qualquer operação que ponha em risco civis e não envolvidos no conflito), sendo que as aeronaves dispararam suas bombas a mais de 5 km da fronteira, em território colombiano. Para isso, os Super Tucanos foram armados com bombas guiadas por laser de procedência israelense, as quais destinavam conquistar a surpresa tática frente ao inimigo, sendo que o ataque final foi empreendido pelas Forças Especiais, em combate aproximado. A Operação Fênix teve consolidados todos os seus objetivos, dentre os quais a captura do número 2 das FARC, Raúl Reyes, morto durante a operação, e o bem mais valioso dos ataques, os computadores portáteis de Raúl Reyes, intactos, contendo informações valiosas das ações criminosas da guerrilha.[3]
[editar]Tiro de Aviso
Em 3 de junho de 2009, duas aeronaves Super Tucano da Força Aérea Brasileira vetoradas por uma aeronave E-99, fizeram uso de suas metralhadoras de 12,7 mm contra um Cessna U206G de narcotraficantes procedente da fronteira entre a Bolívia e o Brasil. Interceptada na região de Alta Floresta D'Oeste - RO, e após esgotados todos os trâmites legais antes desta ação, uma rajada de munição traçante foi disparada em paralelo a trajetória do Cessna como Tiro de Aviso, forçando essa aeronave a seguir os Super Tucanos até o aeroporto de Cacoal- RO. Essa foi a primeira vez, desde que entrou em vigor a Lei do Abate em 17 de outubro de 2004 e que legaliza o Tiro de Destruição noBrasil, que se utilizou esse recurso no combate a aeronaves ilícitas. A bordo do Cessna, que antecipou seu pouso em Izidrolândia, distrito de Alta Floresta D'Oeste, foram encontradas 176 kg de pura pasta base de cocaína que poderiam se transformar em quase uma tonelada de cocaína. Os dois ocupantes da aeronave foram presos pela Polícia Federal em Pimenta Bueno - RO, após tentativa de fuga.[4]
[editar]
- Korea Aerospace Industries KT-1/KO-1
- Pilatus PC-9 M/PC-21
- Beechcraft T-6A/T-6B/AT-6
[editar]Ficha Técnica (EMB-314 Super Tucano)
Especificações[5]
[editar]Dimensões
- Envergadura: 11,14 m
- Comprimento: 11,30 m
- Altura: 3,97 m
[editar]Pesos
- Vazio: 3.200 kg
- Máximo de decolagem: 5.400 kg
- Carga de combate máxima: 1.550 kg (cargas externas/munições)
- Tripulação: 1 piloto no monoposto ou 2 (1 piloto + 1 operador de sistemas/aluno) no biposto
[editar]Desempenho
- Velocidade máxima nivelada: 590 km/h (limpo)
- Velocidade de cruzeiro: 520 km/h
- Velocidade de estol: 148 km/h
- Alcance de traslado: 1.445 km (combustível interno) e 2.855 km (com tanques externos)
- Teto de serviço: 10.665 m
- Autonomia: 3,4 h (combustível interno) e 8,4 h (com tanques externos)
- Raio de combate: 550 km (Hi-Lo-Hi)
- Distância de decolagem / pouso: 900 m / 860 m
[editar]Estrutura
- Fatores de carga: +7 G / -3,5 G
- Pressurização: 5 psi
- Vida de fadiga: 12.000 h (combate típico) e 18.000 h (treinamento típico)
- Parabrisa: Resistente ao impacto de pássaros de 1,8 kg a 555 km/h
[editar]Armamentos
- Metralhadoras: (2x) FN Herstal M3P de 12,7 mm (.50 in) (internas nas asas)
- Canhões: (1x) pod de canhão GIAT M20A1 de 20 mm[6] (sob a fuselagem)
- Foguetes: (4x) pods de lança-foguetes LM-70/19 de 70 mm[7]
- Bombas: Mk 81 ou Mk 82 (emprego geral); BLG-252 (lança-granadas); Lizard ou Griffin (guiadas por laser)
- Mísseis ar-ar: (2x) AIM-9L; MAA-1 Piranha (homologado); Python 3 ou Python 4
- Mísseis ar-superfície: (2x) AGM-65
- Estações de armas: possui um total de 5 pontos (dois em cada asa e um sob a fuselagem)
[editar]Propulsão
- Motor: 1 turboélice Pratt & Whitney Canada PT6A-68C de 1.600 shp de potência, controlado por computador FADEC (Full Authority Digital Engine Control)
- Hélice: 1 hélice Hartzell pentapá de 2,38 m de diâmetro
[editar]Sistemas e equipamentos
- Cabina blindada
- CMFD / HUD / UFCP / HOTAS
- OBOGS (sistema de geração de oxigênio)
- Rádio V/UHF M3AR Série 6000 (sistema datalink de transmissão e recepção de dados seguro)
- FLIR AN/AAQ-22 StarSAFIRE II (sensor ótico e infravermelho)
- NVG ANVIS-9 (óculos de visão noturna)
- CCIP / CCRP / CCIL / DTOS (sistemas de controle de tiro)
- HMD (visor montado no capacete) (opcional)[8]
- Laser Range Finder (telêmetro laser) (opcional)
- Chaff & flare (sistema de autodefesa) (opcional)
- Sistema de treinamento virtual de armamentos e sensores
- Câmara e gravador de vídeo digital
- Stormscope WX-1000E (sistema de mapeamento meteorológico)
- INS / GPS (sistema integrado de navegação)
- Piloto automático
- Assento ejetável Martin Baker Mk 10LCX zero/zero
- Freio de mergulho
- Ar condicionado
- Farol de busca
[editar]Operadores
- Brasil - 99 aeronaves[9]
- Colômbia - 25 aeronaves
- Chile - 12 aeronaves
- República Dominicana - 8 aeronaves
- Equador - 24 aeronaves
- Estados Unidos
- Blackwater - 1 aeronave
Países que manifestaram interesse na compra, ainda não formalizada:
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